É inegável a influência das TIC no mundo atual – e ainda mais no de amanhã –, seja em atividades econômicas, sociais, políticas e ambientais.
Tecnologias novas e inteligentes, dispositivos e produtos conectados, soluções de Internet industrial das coisas (IIoT) e enriquecidas com a inteligência artificial para indústria, aplicações distribuídas baseadas em Blockchain / tecnologias DLT de livro–razão distribuído (Distributed Ledger Technology) – permitiriam resolver grandes problemas em contextos de países em desenvolvimento como Moçambique em domínios como: educação, água e saneamento, gestão inteligente de resíduos sólidos urbanos, transporte e logística, agricultura, saúde e sistemas de certificados de depósitos electrónicos e tornar possível sistemas biométricos para identidade em larga escala, micro-pagamentos e inclusão digital e financeira, garantir eleições locais transparentes – de maneiras que não eram consideradas possíveis antes.
Os grandes desafios nos campos mencionados acima são agora possíveis de serem ultrapassados, graças aos mais recentes avanços nas tecnologias .
Novos modelos de negócios – como a servitização (um novo modelo de negócio para as empresas), permitirão que a sustentabilidade do “berço ao túmulo” dos recursos escassos seja um desafio menor e novos modelos de negócios que permitam a “sustentabilidade do berço ao berço” sejam possíveis –dando lugar à transição rumo à economia circular em Moçambique – graças à adoção das novas tecnologias.
Economia circular é um conceito estratégico que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo integrado.
Produtos conectados estão chegando, contadores de água e energia conectados, carros conectados, autocarros de transporte público conectados …é tudo possível agora e a um custo accessível e modelos de negócios apropriados, gerando mais-valia “em valor de uso (coisa útil) ” para os sectores e as partes interessadas e envolvidas (prestadores de serviços públicos, consumidores, os governos locais e o governo central – acesso a dados e informações atempadas para uma melhor planificação e tomada de decisões, com um nível de granularidade, que não são possíveis obter na situação actual ).
…Ao nível das famílias e dos escritórios de PMEs e grandes empresas: espera-se que esta onda das novas tecnologias que estão surgindo tão rápidamente, o conceito de Internet das Coisas (IoT) que já deixou de ser lenda e virou realidade, a conectividade e a inteligencia artificial traga… Eletrodomésticos conectados, casas conectadas ou inteligentes que podem se tornar uma realidade em Moçambique com a adopção de novas tecnologias, com modelos de negócios que os tornam possíveis e acessíveis para os segmentos de baixa renda e o contexto da nossa realidade em Moçambique.
Sensores estão ficando cada vez menores, mais baratos e mais poderosos. – o poder da computação na borda (Edge computing) e, da computação em neblina ou em inglês: fog computing – vão permitir o processamento de dados não apenas na nuvem (em data centers de grande dimensão) mas também em plataformas de gestão de dados em dispositivos na borda da rede, mais baratos e fáceis de implementar e gerir, para o contexto Moçambicano – para o pais ter condições de enfrentar um futuro com novas tecnologias e grandes desafios relacionados ao aumento da produtividade e competitividade.
O futuro de uma agenda modernizadora que torne o país competitivo e produtivo, ou seja, atraente aos investimentos depende do envolvimento de jovens Moçambicanos (os 80% segundo os dados do último senso populacional) e bons líderes (Cabeças-de-lista) – que vão ser os vencedores nas eleições autárquicas, provinciais e sobretudo o poder central.
Não é verdade que os jovens de agora não são capazes de dominar as novas tecnologias, não conseguem ler e aprender tudo sobre elas para serem protagonistas da mudança usando as novas tecnologias (tornando-se clarificadores, idealizadores, desenvolvedores, implementadores de soluções baseadas nas novas tecnologias para os grandes desafios que Moçambique enfrenta);
Não é verdade que os jovens de agora não sonham, não tem visão de um futuro bom para todos, e não acreditam que o desenvolvimento, a implementação e o uso das novas tecnologias pode ajudar a resolver muitos problemas que a sociedade moçambicana enfrenta.
A resistência a adopção das novas tecnologias, nos domínios onde estas podem gerar impactos sociais e econômicos bastante positivos sobre as populações mais vulneráveis, especialmente os segmentos de baixa renda que vivem em municípios (80 a 75% em quase todos municípios, vive nas periferias e em alguns casos, em assentamento precários ) onde o desafio de prover infraestruturas e serviços de utilidade pública de qualidade : educação, água e saneamento, saúde, energia, requerer inovações tecnológicas para que se possa ultrapassar as actuais limitações de recursos financeiros e humanos capacitados para concretizar os projectos – vai perpetuar a desigualdade, exclusão, vulnerabilidade, marginalidade, pobreza nos municípios e no pais no geral .
Não tirar proveito das novas tecnologias, com o envolvimento de jovens moçambicanos, para aumentar o acesso à tecnologia e assistência técnica aos agricultores familiares e de pequena escala, uma necessidade urgente diante da importância de dar viabilidade a sua produção, tornando-a sustentável por meio de soluções que agreguem valor aos produtos e ampliem sua inserção no mercado e massificar a adopção das novas tecnologias para melhorar a eficiência nos transportes e logística, aumentar a inclusão digital e financeira no geral, dos iletrados, semi-letrados e letrados em Moçambique pode ser prejudicial ao desenvolvimento rápido do país e a erradicação da pobreza, da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais.
Uso da tecnologia é um caminho sem volta na história da humanidade e Moçambique não deve ficar atrás, sob pena de continuarmos na lista dos 10 dos 10 países mais pobres do mundo para sempre, e entre os países com pior cenário no acesso à água e ao saneamento, com apenas 49% da população moçambicana que usa fontes melhoradas de abastecimento de água, 21% com infra-estruturas melhoradas de saneamento e mais de 40% da população a praticar o fecalismo a céu aberto (cerca de 11 milhões de pessoas), com quase metade de todas as crianças a sofrer de desnutrição crónica , a nona taxa mais elevada de África, com mais de oito milhões da população que não sabem ler, escrever e fazer cálculo, dos quais cinco milhões são adolescentes e jovens dos 15 aos 19 anos de idade, e outros três milhões – idosos principalmente as mulheres.
Entre as crianças que concluem o ensino primário em Moçambique, quase dois terços deixam o sistema sem habilidades básicas de leitura, redação e matemática. A tecnologia educacional pode ajudar.
Não podemos se dar ao luxo de não contar com a contribuição dos jovens Moçambicanos, ávidos por dominar as novas tecnologias, para poder participar como idealizadores, desenvolvedores e implementadores de soluções para ajudar a ultrapassar muitos dos grandes desafios que o pais enfrenta.
Será algo surpreendente e sem precedentes o quanto os moçambicanos vão mudar na forma de comunicar, relacionar, produzir, consumir e se informar… vamos perceber isso no mundo do trabalho, no consumo e nos hábitos da população, como exemplo pedir uma refeição e pagar por dinheiro electrónico, pagar água, energia, um transporte, fazer uma compra, uma transferência bancária e realizar uma reunião pelo celular –Já estamos chegando lá!
Estamos numa altura em que o pais precisa diversificar a sua economia. A médio prazo, o crescimento do país vai depender da diversificação dos sectores de actividade, não podendo ser unicamente apoiado pelo sector extractivo – gas, recursos minerais e mega projectos.
Acelerar a adoção das novas tecnologias é fundamental para que Moçambique possa tirar proveito do compromisso de Conteúdo Local no qual o Projecto Mozambique LNG prevê $ 2,5 bilhões de dólares americanos em contratos com empresas de propriedade moçambicana ou registadas em Moçambique ao longo do período de construção de 5 anos, para que os benefícios tenham efeito geral positivo sobre sectores como a agricultura, onde mais de 80% da população Moçambicana ganha o seu sustento, e que constitui, de longe a fonte mais importante de rendimento dos agregados familiares no país.
Ou, em outras palavras, se o governo central e/ou os governos locais não acarinharem a juventude e darem a oportunidade e criarem ambientes favoráveis, nas suas agendas de governação, que permitam uma polenização humana e proporcionando um ambiente propício à inovação a nível nacional ou nos municípios, onde os jovens possam rapidamente aprender, dominar e adotar as novas tecnologias com o objetivo de promover o “salto tecnológico” do país -para a adopção da Indústria 4.0 que tem a capacidade de estabelecer o elo, a integração entre as quatro partes: máquinas, dispositivos, sistemas e pessoas- para que a economia moçambicana passe a processar o que produz, e não apenas exportar o que produz de forma primaria – os produtores (agricultores familiares e de pequena escala) vão ficar a ver navios.
Os $ 2,5 bilhões de dólares americanos poderão ir apenas para empresas de alguns Moçambicanos, os mercados domésticos, as ligações internas e as potenciais dinâmicas de substituição de importações poderão não se desenvolver e as exportações não se diversificarão.
Nesta era não se vende mais produtos, mas se desenvolve o mercado e os clientes, que esperam cada vez mais serviços novos e melhores.
A inovação tecnológica e as novas tecnologias podem contribuir profundamente para as transformações da produção familiar em Moçambique e ajudar a ultrapassar os desafios de processamento, empacotamento, distribuição e venda/acesso aos mercados – fazendo maximizar os benefícios dos $ 2,5 bilhões de dólares americanos – por via das ligações internas e as potenciais dinâmicas de substituição de importações – de outro modo, o pais poderá continuar a “importar vegetais, frutas, legumes com grande potencial de produção interna”.
A tecnologia é vista por muitos mais como uma ameaça do que como uma vantagem. Mas ela pode aumentar a transparência, empoderar aqueles que não dispõem de outras opções, reduzir desigualdades e colocar Moçambique no caminho rumo à Agenda 2030.
As mudanças que aconteceriam se a promoção e adopção de novas tecnologias para resolver os grandes desafios que o pais enfrenta e o envolvimentos dos jovens forem colocados no topo das agendas de governação teriam “implicações profundas“.
Se os líderes (cabeças-de-lista) colocassem como prioridade nas suas agendas de governação criar oportunidades para os jovens darem o máximo do seu potencial com o propósito de contribuir, como clarificadores, idealizadores, desenvolvedores, implementadores de soluções, para o desenvolvimento e bem estar de todos em Moçambique através do uso de tecnologias novas e inteligentes agora disponíveis, accessíveis e ao nosso alcance, levando em conta as questões do social especificas ao nosso contexto, qual seria a situação da disponibilidade e qualidade dos seguintes serviços públicos antes de 2030?
- A educação de qualidade e para todos
- Água e saneamento para todos
- O acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todas as pessoas
- Transporte seguro, sustentável e a preço acessível para todos
- uma vida saudável e bem–estar para todos
A adopção dos mais recentes avanços tecnológicos e revolucionários tornarão mais fácil o alcance dos objectivos de desenvolvimento sustentável em Moçambique antes de 2030.

Autor: Abel Viageiro, empreendedor tecnológico (“Engenheiro de Internet industrial das coisas (IIoT) & Arquitecto de Soluções enriquecidas com a inteligência artificial para indústria” para o contexto de resolução de grandes problemas em países em via de desenvolvimento – transformação digital: educação, modernização da gestão de água e saneamento, infraestruturas de irrigação, agricultura, processamento e armazenamento de cereais e outros produtos agrícolas.


Os níveis de perdas continuam bastante altos.
Mas a opção de fornecimento baseado na abundância, desde sempre, levou Maputo a esperar por “desenvolvimento de novas fontes de água abundante” ao invés de se “reduzir a água não contabilizada” – agora as novas tecnologias estão disponíveis, e sai mais barato recuperar a água perdida nas fugas e ligações clandestinas e aprimorar as gestão “com ajuda de sensores inteligentes na rede” e a “leitura automatizada de contadores“. (empreendedores tecnológicos podem ajudar sem investimento de capital por parte da entidade detentora, mediante modelos de negocio inovadores, baseados no desempenho – servitização).
Na modalidade de fornecimento de água em Maputo, Matola e Boane, baseadas na abundância, diante da escassez de água que se vive, só se fala de desenvolvimento de novas fontes (represas) – furos – para bombear – tratar – transportar para os reservatórios dos bairros – distribuir – sem considerar com prioridade a opção de tirar proveito das “novas tecnologias inteligentes” para reduzir as perdas na distribuição – tornando mais água disponível (opção mais rápida e menos onerosa – para aliviar o sofrimento da população, principalmente a de baixa renda que mais sofre com as restrições no abastecimento)
Cerca de 80% dos consumidores são de baixa renda, consome volumes mensais inferiores a 10 m3, escalão mais baixo – e corresponde a quase 50% de todo o volume – os restantes 50% e consumido por apenas 20% na faixa de maior consumo – mas numa situação de “restrições no abastecimento” – os que mais sofre são os “consumidores são de baixa renda” que não tem dinheiro para comprar grandes reservatórios, bombas e outros aparatos para “conservar água” – para os que podem – “com reservatórios de grande capacidade – e o actual “fornecimento baseadas na abundância” é como se a crise não existisse.
Os sensores inteligentes na rede e leitura automatiza de contadores e novas modalidades de facturação por períodos variáveis e curtos e pagamentos por dispositivos móveis iria ajudar a reduzir a pobreza de água e aumentar o acesso a ligação domiciliar.
A adopção das novas tecnologias, para permitir “a facturação por períodos variáveis e curtos e pagamentos por dispositivos moveis (celular) – e “dispositivos inteligentes” que permitem o monitoramento do consumo (observabilidade e controlabilidade) iria viabilizar ligações domiciliares (torneira privada) – isso iria reduzir o custo para a população que tem de comprar água em quintal de vizinho – (por não ter rendimento regular – salário mensal para pagamentos mensais de uma única vez) – reduziria as ligações clandestinas – para revenda – garantiria uma gestão mais eficiente da demanda – graças aos dispositivos inteligentes implantados na rede e no lado dos clientes.
A modernização da gestão dos sistemas com as novas tecnologias (soluções baseadas em TICs) para melhorar a qualidade do serviço, dar mais acesso a informação sobre o consumo aos clientes, em tempo quase real, permitir monitoramento do consumo pelos clientes e novas modalidades de pagamento por períodos variáveis e curtos, via dispositivos moveis – são os segredos para uma boa gestão em tempo de crise e para o futuro (planificação da conservação da água) – assegurar a disponibilidade e acesso a água a todos na região de Maputo.

Implementar sistemas de saneamento básico nos Municípios com uma gestão moderna e
Digitalização do Saneamento (
Problema de Saneamento é problema de “qualidade de hardware” – Sanitation is a hardware problem
No decurso do seu desenvolvimento, Moçambique está a passar por um processo de urbanização crescente.
Em um mundo no qual as demandas por água doce aumentam de forma contínua, e onde os já limitados recursos hídricos sofrem cada vez mais a pressão pela sobre-exploração, pela poluição e pela mudança climática, negligenciar as oportunidades que decorrem de uma melhor gestão das águas residuais é simplesmente inconcebível no contexto de uma economia circular.