O que acontecerá em Moçambique até 2030 se novas tecnologias forem adotadas e priorizadas nas agendas de governação dos lideres (cabeças-de-lista)?

É inegável a influência das TIC no mundo atual – e ainda mais no de amanhã –, seja em atividades econômicas, sociais, políticas e ambientais.

Tecnologias novas e inteligentes, dispositivos e produtos conectados, soluções de Internet industrial das coisas (IIoT) e  enriquecidas com a inteligência artificial para indústria, aplicações distribuídas baseadas em Blockchain / tecnologias DLT de livrorazão distribuído (Distributed Ledger Technology) – permitiriam resolver grandes problemas em contextos de países em desenvolvimento como Moçambique em domínios como: educação, água e saneamento, gestão inteligente de resíduos sólidos urbanos, transporte e logística, agricultura, saúde e sistemas de certificados de depósitos electrónicos e tornar possível sistemas biométricos para identidade em larga escala, micro-pagamentos e inclusão digital e financeira,  garantir eleições locais transparentes – de maneiras que não eram consideradas possíveis antes.

Os grandes desafios nos campos mencionados acima são agora possíveis de serem ultrapassados, graças aos mais recentes avanços nas tecnologias .

Novos modelos de negócios – como a servitização (um novo modelo de negócio para as empresas), permitirão que a sustentabilidade do “berço ao túmulo” dos recursos escassos seja um desafio menor e novos modelos de negócios que permitam a “sustentabilidade do berço ao berço” sejam possíveis –dando lugar à  transição rumo à economia circular em Moçambique – graças à adoção das novas tecnologias

Economia circular é um conceito estratégico que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo integrado.

Produtos conectados estão chegando, contadores de água e energia conectados, carros conectados, autocarros de transporte público conectados …é tudo possível agora e a um custo accessível e modelos de negócios apropriados, gerando mais-valiaem valor de uso (coisa útil) ” para os sectores e as partes interessadas e envolvidas (prestadores de serviços públicos, consumidores, os governos locais e o governo central – acesso a dados e informações atempadas para uma melhor planificação e tomada de decisões,  com um  nível de granularidade, que não são possíveis obter na situação actual ).

…Ao nível das famílias e dos escritórios de PMEs e grandes empresas:  espera-se que esta onda das novas tecnologias que estão surgindo tão rápidamente, o conceito de Internet das Coisas (IoT) que  deixou de ser lenda e virou realidade, a conectividade e a inteligencia artificial traga… Eletrodomésticos conectados, casas conectadas ou inteligentes que podem se tornar uma realidade em Moçambique com a adopção de novas tecnologias, com modelos de negócios que os tornam possíveis e acessíveis para os segmentos de baixa renda e o contexto da nossa realidade em Moçambique.

Sensores estão ficando cada vez menores, mais baratos e mais poderosos. – o poder da computação na borda (Edge computing) e, da computação em neblina ou em inglês: fog computing – vão permitir o processamento de dados não apenas na nuvem (em data centers de grande dimensão) mas também em plataformas de gestão de dados em dispositivos na borda da rede, mais baratos e fáceis de implementar e gerir, para o contexto Moçambicano – para o pais ter condições de enfrentar um futuro com novas tecnologias e grandes desafios relacionados ao aumento da produtividade e competitividade.

O futuro de uma agenda modernizadora que torne o país competitivo e produtivo, ou seja, atraente aos investimentos depende do envolvimento de jovens Moçambicanos (os 80% segundo os dados do último senso populacional) e bons líderes (Cabeças-de-lista) – que vão ser os vencedores nas eleições autárquicas, provinciais e sobretudo o poder central.

Não é verdade que os jovens de agora não são capazes de dominar as novas tecnologias,  não conseguem ler e aprender tudo sobre elas para serem protagonistas da mudança usando as novas tecnologias (tornando-se clarificadores, idealizadores, desenvolvedores, implementadores de soluções baseadas nas novas tecnologias para os grandes desafios que Moçambique enfrenta);

Não é verdade que os jovens de agora não sonham, não tem visão de um futuro bom para todos, e não acreditam que o desenvolvimento, a implementação  e o uso das novas tecnologias pode ajudar a resolver muitos problemas que a sociedade moçambicana enfrenta.

A resistência  a adopção das novas tecnologias, nos domínios onde estas podem gerar impactos sociais e econômicos bastante positivos sobre as populações mais vulneráveis, especialmente os segmentos de baixa renda que vivem em municípios (80 a 75% em quase todos municípios, vive nas periferias  e em alguns casos, em assentamento precários ) onde o desafio de prover infraestruturas e serviços de utilidade pública de qualidade : educação, água e saneamento, saúde, energia, requerer inovações tecnológicas para que se possa ultrapassar as actuais limitações de recursos financeiros e humanos capacitados para concretizar os projectos – vai perpetuar a desigualdade, exclusão, vulnerabilidade, marginalidade, pobreza nos municípios e no pais no geral . 

Não tirar proveito das novas tecnologias, com o envolvimento de jovens moçambicanos, para aumentar o acesso à tecnologia e assistência técnica aos agricultores familiares e de pequena escala,  uma necessidade urgente diante da importância de dar viabilidade a sua produção, tornando-a sustentável por meio de soluções que agreguem valor aos produtos e ampliem sua inserção no mercado e massificar a adopção das novas tecnologias para melhorar a eficiência nos transportes e logística,  aumentar a inclusão digital e financeira no geral, dos iletrados, semi-letrados e letrados em Moçambique pode ser prejudicial ao desenvolvimento rápido do país e a erradicação da pobreza, da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais.

Uso da tecnologia é um caminho sem volta na história da humanidade e Moçambique não deve ficar atrás, sob pena de continuarmos na lista dos 10 dos 10 países mais pobres do mundo para sempre, e entre os países com pior cenário no acesso à água e ao saneamento,  com apenas 49% da população moçambicana que usa fontes melhoradas de abastecimento de água, 21% com infra-estruturas melhoradas de saneamento e mais de 40% da população a praticar o fecalismo a céu aberto (cerca de 11 milhões de pessoas), com quase metade de todas as crianças a sofrer de desnutrição crónica , a nona taxa mais elevada de África, com mais de oito milhões da população que não sabem ler, escrever e fazer cálculo, dos quais cinco milhões são adolescentes e jovens dos 15 aos 19 anos de idade, e outros três milhões – idosos principalmente as mulheres.

Entre as crianças que concluem o ensino primário em Moçambique, quase dois terços deixam o sistema sem habilidades básicas de leitura, redação e matemática. A tecnologia educacional pode ajudar.

Não podemos se dar ao luxo de não contar com a contribuição dos jovens Moçambicanos, ávidos por dominar as novas tecnologias, para poder participar como idealizadores, desenvolvedores e implementadores de soluções para ajudar a ultrapassar muitos dos grandes desafios que o pais enfrenta.

Será algo surpreendente e sem precedentes o quanto os moçambicanos vão mudar na forma de comunicar, relacionar, produzir, consumir e se informar… vamos perceber isso no mundo do trabalho, no consumo e nos hábitos da população, como exemplo pedir uma refeição e pagar por dinheiro electrónico, pagar água, energia, um transporte, fazer uma compra, uma transferência bancária e realizar uma reunião pelo celular –Já estamos chegando lá!

Estamos numa altura em que o pais precisa diversificar a sua economia. A médio prazo, o crescimento do país vai depender da diversificação dos sectores de actividade, não podendo ser unicamente apoiado pelo sector extractivo – gas, recursos minerais e mega projectos.

Acelerar a adoção das novas tecnologias é fundamental para que Moçambique possa tirar proveito do compromisso de Conteúdo Local no qual o Projecto Mozambique LNG  prevê  $ 2,5 bilhões  de dólares americanos em contratos com empresas de propriedade moçambicana ou registadas em Moçambique ao longo do período de construção de 5 anos, para que os benefícios tenham efeito geral positivo sobre sectores como a agricultura, onde mais de 80% da população Moçambicana ganha o seu sustento, e que constitui, de longe a fonte mais importante de rendimento dos agregados familiares no país.

Ou, em outras palavras, se o governo central e/ou os governos locais não acarinharem a juventude e darem a oportunidade e criarem ambientes favoráveis, nas suas agendas de governação,  que permitam uma polenização humana e proporcionando um ambiente propício à inovação a nível nacional ou nos municípios, onde os jovens possam rapidamente aprender, dominar e adotar as novas tecnologias com o objetivo de promover o “salto tecnológico” do país -para a adopção da Indústria 4.0  que tem a capacidade de estabelecer o elo, a integração entre as quatro partes: máquinas, dispositivos, sistemas e pessoas- para que a economia moçambicana passe a processar o que produz, e não apenas exportar o que produz de forma primaria – os produtores (agricultores familiares e de pequena escala) vão ficar a ver navios.

Os $ 2,5 bilhões  de dólares americanos poderão ir apenas para  empresas de alguns Moçambicanos, os mercados domésticos, as ligações internas e as potenciais dinâmicas de substituição de importações poderão não se desenvolver e as exportações não se diversificarão.

Nesta era não se vende mais produtos, mas se desenvolve o mercado e os clientes, que esperam cada vez mais serviços novos e melhores.

A inovação tecnológica e as novas tecnologias podem contribuir profundamente para as transformações da produção familiar em Moçambique e ajudar a ultrapassar os desafios de processamentoempacotamento, distribuição e venda/acesso aos mercados – fazendo maximizar os benefícios dos $ 2,5 bilhões  de dólares americanos – por via das ligações internas e as potenciais dinâmicas de substituição de importações – de outro modo, o pais poderá continuar a  “importar vegetais, frutas, legumes com grande potencial de produção interna”.

A tecnologia é vista  por muitos mais como uma ameaça do que como uma vantagem. Mas ela pode aumentar a transparência,  empoderar aqueles que não dispõem de outras opções, reduzir desigualdades e colocar Moçambique no caminho rumo à Agenda 2030.

As mudanças que aconteceriam se a promoção e adopção de novas tecnologias para resolver os grandes desafios  que o pais enfrenta e o envolvimentos dos jovens forem colocados no topo das agendas de governação teriam “implicações profundas“.

Se os líderes (cabeças-de-lista) colocassem como prioridade nas suas agendas de governação criar oportunidades para os jovens darem o máximo do seu potencial com o propósito de contribuir, como clarificadores, idealizadores, desenvolvedores, implementadores de soluções, para o desenvolvimento e bem estar de todos em Moçambique  através do uso de tecnologias novas e inteligentes agora disponíveis, accessíveis e ao nosso alcance, levando em conta as questões do social especificas ao nosso contexto, qual seria a situação da disponibilidade e qualidade dos seguintes serviços públicos antes de 2030?

  • educação de qualidade e para todos
  • Água e saneamento para todos
  • O acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todas as pessoas
  • Transporte seguro, sustentável e a preço acessível para todos
  • uma vida saudável e  bemestar para todos

A adopção dos mais recentes avanços tecnológicos e revolucionários tornarão mais fácil o alcance dos objectivos de desenvolvimento sustentável em Moçambique antes de 2030.

Autor: Abel Viageiro, empreendedor tecnológico (“Engenheiro de Internet industrial das coisas (IIoT) & Arquitecto de Soluções enriquecidas com a inteligência artificial para indústria” para o contexto de resolução de grandes problemas em países em via de desenvolvimento – transformação digital: educação, modernização da gestão de água e saneamento, infraestruturas de irrigação, agricultura, processamento e armazenamento de cereais e outros produtos agrícolas.