O empoderamento tecnológico local de pessoas com pouca ou nenhuma escolaridade e o incentivo às inovações tecnológicas – grandes trunfos que podem vir a aliar desenvolvimento e sustentabilidade, permitir o crescimento inclusivo e reduzir as desigualdades em Moçambique.

Aumentar a produtividade de pequenos produtores agrícolas com o empoderamento tecnológico é crucial para reduzir as desigualdades

Uma nova maneira de ler, ver e ouvir a informação, de adquirir produtos e serviços, de comunicar e interagir com familiares, amigos e com a sociedade é o que decorre de mais visível do avanço tecnológico… Compreender e acompanhar todo esse avanço da tecnologia é uma tarefa necessária para todos.

Infelizmente, a desigual disponibilidade de serviços básicos, especialmente em saúde e educação e a baixa produtividade de pequenos produtores agrícolas por falta de adoção de novas tecnologias no contexto local para aumentar a produção, a produtividade agrícola e pecuária e, consequentemente, a rentabilidade e facilitar a ligação a cadeia de valores agrícolas (em benefício dos pequenos) e aos mercados ainda constitui um grande desafio. 

A ocupação/usurpação de terras, os reassentamentos populacionais, a extracção predadora de recursos naturais, a baixa criação de emprego, os níveis de rendimento, a pouca responsabilidade social das multinacionais e os efeitos ambientais negativos, são comuns nas zonas de investimento, particularmente no agro-negócio e na mineração. Estes efeitos tem provocado bolsas de maior pobreza, mais desigualdades sociais, migrações forçadas e diferentes tipos de conflitos sociais e laborais. A intensidade destes conflitos é todavia baixa, devido a três elementos principais: (1) alianças económicas entre o capital externo e as elites domésticas detentoras do poder; (2) presença de um Estado aliado ao capital, autoritário e repressivo; (3) fraca consciência e exercício da cidadania por desconhecimento e pouca organização das comunidades (João Mosca, in Penetração do Capital, Pobreza, Desigualdades e Conflitos no Meio Rural: O Caso de Moçambique“).

Soluções

Uma ideia que seria útil explorar e desenvolver no contexto Moçambicano é a Universidade de adultos sem a escolaridade regular que iria permitir a formação de adultos pouco escolarizados em meio rural por via da educação informal, aprendizagem e formação experiencial neste desafio de conscientização sobre as tecnologias que podem acelerar o caminho para o desenvolvimento sustentável e a necessária massificação e inclusão digital.

Tudo está prestes a ser digitalizado, incluíndo agricultura familiar. 80% da população em Moçambique depende da agricultura como a principal fonte de rendimento e maior parte destes não tem escolaridade ou são semi-letrados, não puderam concluir os estudos, pois muito cedo a vida os chamou para o trabalho, mas tem experiência de vida e saberes locais – que podem favorecer ou dificultar a adoção de novas tecnologias no contexto local.

«As pessoas aprendem 10% do que lêem, 20% do que ouvem, 30% do que vêem, 50% do que simultaneamente vêem e ouvem, 70% do que dizem e 90% do que dizem e fazem.”

(Tony Pont, 2003)

A desigualdade e a pobreza podem reduzir desde que o crescimento econômico seja acelerado.

Aumentar a produtividade de pequenos produtores agrícolas é crucial para reduzir as desigualdades. 

Autor: Abel Viageiro, empreendedor exponencial