Numa altura em que as mudanças climáticas estão a contrariar todos os esforços de desenvolvimento do país, dependente da Agricultura que emprega mais de 80% da população, há que repensar seriamente a “falta da planificação da conservação da água” pelas entidades detentoras ou gestoras dos sistemas de abastecimento de água em Moçambique e a não disponibilização de informações sobre o consumo de água em tempo quase real aos clientes e consumidores.
O aumento da população a par do crescimento das cidades, o clima de cada região e as alterações climáticas, traduzindo-se num aumento da intensidade e frequência de cheias e secas, levam a que o uso eficiente da água e a sua conservação em diferentes setores de atividade, como a agricultura, a indústria e o abastecimento urbano, consistam presentemente, num elevado desafio a nível mundial.

A adopcão das novas tecnologias no sector de águas e saneamento, principalmente, a leitura automatizada de contadores e outros sensores que permitem o monitoramento e o controlo do consumo de água, acompanhados com o engajamento dos clientes e consumidores e um programa agressivo de redução das perdas com as fugas de água, para aumentar a eficiência operacional dos sistemas é um imperativo – numa altura em que as tecnologias estão acessíveis e novos modelos de negócios inovadores podem ser implementados – ao beneficio da população, das empresas de abastecimento, empreendedores tecnológicos e do pais.
Não basta simplesmente pedir aos clientes e consumidores para pouparem água.
Sem informações sobre os níveis do seu consumo, comparações com outros clientes e consumidores, como o cliente vai saber se seu nível de consumo está dentro ou fora do considerado eficiente, sustentável – em relação aos padrões geralmente aceites.
Alguns direitos típicos que poderiam ser aplicáveis ao nosso contexto em Moçambique, com algumas adaptações:
Alguns direitos:
O cliente/consumidor tem direito de saber o consumo do seu imóvel (casa). Para isso, deve solicitar a instalação de um contador.
De salientar que a leitura automatizada do contador e a instalação de sensores baratos não intrusivos, seria a melhor opção, para permitir o balanceamento da oferta com a demanda, uma melhor planificação da conservação de água, com o envolvimento dos clientes, uma vez que a entidade detentora ou gestora dos sistemas de abastecimento de água terá uma melhor compreensão da sua base de clientes, e será capaz de direcionar aconselhamentos aos grandes consumidores e apoiar os clientes que enfrentam dificuldades no pagamento de suas facturas.
Além disso, os clientes passarão a ter um maior nível de compreensão sobre “a escassez de água” na sua região e estarão conscientes do seu uso de água no dia-a-dia.
O cliente/consumidor deveria ter o direito a escolher as datas para pagamento da sua conta.
Por exemplo: a escolha da data disponível mais próxima do pagamento do seu salário.
Em Moçambique temos o grande desafio, resultante do facto de 80% dos consumidores serem de baixa renda, e que consome quase metade de todo o volume de água facturado, e a maior parte destes tem seus rendimentos provenientes de activities no sector informal, e muitos tem rendimentos irregulares ou erráticos – entretanto, a facturação e o pagamento atualmente predominante, é a base mensal (30 dias). Para este segmento, é difícil juntar dinheiro, de ganhos do seu dia-a-dia no sector informal, para pagar a factura de uma única vez, no final do mês.
O uso das novas tecnologias, para permitir a facturação por períodos variáveis e curtos e respectivos pagamentos por via de dispositivos móveis (celular) poderia tornar os pagamentos mais apropriados para um grande segmento da população de baixa renda, contribuindo para resolver alguns dos grandes desafios, como por exemplo, os pagamentos dentro do prazo e o monitoramento do consumo – para poupar água, poupar energia e poupar dinheiro – beneficiando o cliente.
É um direito do cliente/consumidor ser avisado antes do serviço ser interrompido. A empresa de abastecimento de água não pode cortar o abastecimento de água do imóvel do cliente sem antes enviar um aviso com pelo menos vários dias de antecedência explicando o motivo do corte.
Uma vez solucionada a questão do corte, o cliente/consumidor tem direito a ter o abastecimento restabelecido em até 48 horas (normalmente).
=> Mas uma vez, as novas tecnologias, como “dispositivos inteligentes com Medição de fluxo, controlo de fluxo e sensores de fluxo com Válvulas operadas remotamente” poderia evitar os custos envolvidos e os riscos da desconexão e religação de clientes e permitir o monitoramento inteligente.
A vandalização de infraestruturas, ligações clandestinas e consumos ilegais inconveniências aos clientes, são em parte, o resultado da falta da modernização da gestão dos sistemas, com vista a prestar um serviço de abastecimento de melhor qualidade, para a satisfação dos clientes.
Por exemplo: se a água foi cortada porque o cliente/consumidor se esqueceu de pagar a conta, assim que tiver efetuado o pagamento deve comunicar à empresa de abastecimento de água.
A empresa de abastecimento de água terá um prazo para voltar a abastecer o seu imóvel, mas cobrará uma taxa de religação em sua próxima fatura, ou imediatamente como condição para o restabelecimento, além dos encargos pelo atraso do pagamento.
=> As novas tecnologias podem eliminar este tipo de inconveniente aos clientes/consumidores.
Alguns deveres:
Quando solicitar a ligação do seu imóvel (casa) à rede de abastecimento, cliente/consumidor deve informar à empresa de abastecimento de água o número de pontos de consumo e qual a finalidade da água: residencial, comercial, industrial ou pública.
Essa informação é importante porque existem tarifas diferenciadas para cada uma destas atividades. O cliente/consumidor é o responsável pela adequação e segurança das instalações internas do seu imóvel e é importante observar e seguir os padrões exigidos nas normas técnicas. Em caso de dúvida, peça orientação à empresa de abastecimento de água.
=> Neste ponto, as novas tecnologias também vão trazer vantagens aos clientes. Permitindo ao cliente o acesso a informação sobre o seu consumo, a qualquer momento, proveniente da leitura automatizada do contador e outros sensores não intrusivos e baratos que podem ser instalados no lado do cliente, para ajudar a detectar fugas, e prover informações para os clientes estarem mais cientes sobre os seus níveis de consumo e comparações e alertas em caso de anomalias no consumo – que podem indicar perdas devido a fugas do lado do cliente.
O cliente/consumidor não deve fazer ligações de água de outras fontes na rede de abastecimento. A água que o cliente/consumidor recebe passou por processos de tratamento antes de ser distribuída, que garantem qualidade para o consumo e evitam a disseminação de doenças.
O cliente/consumidor deve pagar a conta em dia e, assim, exigir a qualidade do serviço.
Em Moçambique temos inovadores tecnológicos que querem ajudar as “entidades detentoras ou gestoras” dos sistemas de abastecimento a modernizarem a gestão dos sistemas, tirando proveito das novas tecnologias atualmente existentes ao nosso alcance e mediante novos modelos de negócios (Servitização) que vão beneficiar a população, as empresas e ao pais.
Veja alguns panfletos sobre estas soluções propostas e já apresentadas aos principais intervenientes no sector de água em Moçambique:
Vamobi Net_Modernização da Gestão de Sistemas de Abastecimento de água em Mocambique – Digitalização do sector
Vamobi Net_Modernization of the Management of Water Supply and Distribution Systems – Digitization of the Water Sector_Internet of things and Artificial Intelligence
A servitização – sector de águas e saneamento em Moçambique – Vamobi Net
Adaptado de: Direitos e Deveres do cliente/Consumidor
Dicas de como economizar água, consumo consciente de água, economia de água no dia-a-dia, sugestões práticas.
– Ao escovar os dentes e se barbear, manter a torneira fechada;
– Fechar a torneira enquanto ensaboar as louças e talheres;
– Usar a máquina de lavar roupas na capacidade máxima;
– Na hora do banho, procurar se ensaboar com o chuveiro desligado e procurar tomar banho rápido;
– Não jogar óleo de fritura pelo ralo da pia. Além de correr o risco de entupir a canalização da residência, esta prática polui os rios e dificulta o tratamento da água;
– Não deixar que ocorram fugas de água em canalizações dentro da residência;
– Entrar em contato com a empresa de abastecimento de água ao verificar fugas de água na rede externa;
– Usar a descarga no vaso sanitário apenas o necessário. Manter a válvula sempre regulada;
– Reutilizar a água sempre que possível;
– Utilizar regador no lugar de mangueira para regar as plantas;
– Usar vassoura para varrer o chão e não a água da mangueira;
– Lavar o carro com balde ao invés de mangueira;
– Captar a água da chuva com baldes. Esta água pode ser usada para lavar carros, quintais e regar plantas;
– Tratar a água de piscinas para não precisar trocar com frequência. Outra dica é cobrir a piscina com lona, enquanto não ocorre o uso, para evitar a evaporação;
– Colocar sistemas de controle de fluxo de água (aeradores, redutores de pressão) nas torneiras.
Importante saber que:
– Varrer a calçada, ao invés de lavá-la com o uso de mangueira, pode resultar numa economia de até 250 litros de água.
– Deixar o chuveiro desligado enquanto o corpo é ensaboado pode resultar numa economia de até 100 litros de água (por banho).
– Uma torneira que fica gotejando pode gerar um desperdício de até 1300 litros de água por mês.
– Deixar a torneira fechada enquanto ensaboamos a louça pode gerar uma economia de até 95 litros de água.
– Usar balde para lavar o carro, ao invés do esguicho da mangueira, pode resultar numa economia de até 180 litros de água por lavagem.
– Uma máquina de lavar roupas pode gastar até 160 litros de água numa lavagem. Armazenar esta água (em recipiente fechado), para lavar o quintal posteriormente, pode gerar uma boa economia.
Autor: Abel Viageiro, empreendedor exponencial
Segundo Steven Kotler, um empreendedor exponencial é alguém que utiliza e se baseia em tecnologia de aceleração exponencial para desenvolver um negócio startup. Estes empreendedores usam tecnologias como as de sensores de rede da internet das coisas (IoT), inteligência artificial (AI), robótica, biologia sintética e impressões 3D para gerar curvas de crescimento exponencial em seus negócios Startups. Além disso, eles usam ferramentas psicológicas exponenciais, ou seja, maneiras de pensar em escala, estados de fluxo e outras coisas que permitem aos empreendedores ampliarem seu jogo mental. Tais empreendedores também usam o poder exponencial das multidões, com crowdsourcing, crowdfunding e construção de comunidades, que permitem o acesso ao capital e a experiência para que realmente aumentem o crescimento mais do que nunca. Somadas estas três abordagens exponenciais fazem toda a diferença.