2030 é o ano tido como prazo final para se acabar com todas as formas de pobreza no mundo, fixado em 25 de setembro de 2015, pelos líderes dos 193 Estados-membros das Nações Unidas que aprovaram, por consenso, em Nova Iorque, a adoção da Agenda 2030 e dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Moçambique fez parte do processo como um dos 53 países selecionados para realizar consultas nacionais para a definição das prioridades da Agenda de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para 2030. Segundo consta no documento da AGENDA NACIONAL, este processo contou com o envolvimento da Sociedade Civil – portanto, já aceitamos o prazo final. Eu não estou a inventar nada, apenas quero ajudar na respota a pergunta feita.
A resposta:
Sim, existe corta-mato para acabar com a pobreza em Moçambique antes de 2030. E Moçambique pode seguir este caminho e chegar lá bem cedo.
O caminho está na inovação tecnológica e eu não apenas acredito, como também trabalho nisso.
Em particular, no desenvolvimento e uso inovador de soluções enriquecidas com a inteligência artificial para resolver grandes problemas e ajudar a melhorar vidas.
Nos dias de hoje, as inovações em soluções de software enriquecidas com a inteligência artificial serão fundamentais para o alcance dos objectivos de desenvolvimento Sustentável antes do Prazo.
Hoje praticamente tudo está sendo digitalizado. A agricultura, a saúde, a educação, os transportes e a logística, a indústria, o comércio, o turismo, a energia, os pagamentos e o sector de águas e saneamento.
A pergunta que não quer calar, para quem ouviu falar da alta velocidade de inovações no uso de inteligência artificial para resolver grandes problemas é a seguinte:
Por que agora?
Nos últimos 35 anos, a Inteligência Artificial (IA) tem prometido muito, mas não contribuiu tanto até agora para resolver os problemas da pobreza que atingem grande parte da população mundial.
O que mudou agora são os últimos avanços tecnológicos que permitem que as máquinas “aprendam” em vez de serem programadas para realizar uma tarefa, conseguem ver coisas, entender e cheirar, a existência de materiais de nova geração e os avanços da tecnologia de impressão 3D com aplicação na construção civil, na medicina, no setor aeroespacial e na produção de peças de automóveis e vários outros objectos e estruturas.
Portanto, é a combinação de avanços tecnológicos, infraestruturas e dispositivos, a disponibilidade de sensores de baixo custo, da conectividade sem fio – as oportunidades vêm com o crescimento exponencial da capacidade de processamento, armazenamento e tráfego de dados, e a magia para resolver os grandes problemas está nos pequenos detalhes sobre como os “inovadores tecnológicos” desenham a arquictura dos sistemas de hoje para tirar proveito desta capacidade de as máquinas verem coisas, aprender, cheirar – processar grandes quantidade de dados.
Por exemplo, tecnologia de condução automática de carros usa a aprendizagem de máquina para interpretar o campo visual ao redor do carro – os sensores ultrassônicos, câmeras de alta resolução, scanners a laser, mapeiam todo o ambiente ao redor do carro, mas são os “inovadores tecnológicos” que criam os programas de inteligência artificial que contém os planos sobre o que fazer com essa informação.
Na saúde, agora as máquinas conseguem ver coisas que os médicos ou técnicos de laboratórios muitas vezes não conseguem e conseguem chegar a uma conclusão melhor. Nesta area, a capacidade de as máquinas verem coisas, aprender, cheirar pode ser usada para o desenho e desenvolvimento de soluções para melhorar o diagnóstico de doenças e aconselhamento de saúde.
A comunicação é uma das principais funções da língua. Através dela os homens se desenvolvem, argumentam, perguntam, ensinam e instruem outros. 90 % dos Moçambicanos prefere se comunicar na sua língua materna ou nacional.
A padronização da escrita de línguas moçambicanas através da harmonização dos sistemas de escrita das suas línguas africanas, condição necessária para o seu uso efectivo como línguas de ciência e de acesso ao conhecimento e da consciência continental no contexto universal, tem sido promovida e feita em Moçambique e o ensino bilingue foi recentemente introduzido, principalmente nas zonas rurais e peri-urbanas.
Nesta área de comunicação, o Processamento de Linguagem Natural (NLP) que permite a comunicação entre pessoas e computadores e a tradução automática para permitir que as pessoas interajam facilmente com outras pessoas em todo o mundo, pode ser utilizada, no contexto Moçambicano, para que o empoderamento tecnológicos da população tire proveito dos avanços tecnológicos nesta área para tornar possível a tradução automática de mais de 20 línguas locais para Português e outras línguas e que os utilizadores possam interagir com tecnologia na sua língua materna.
Desistência escolar da rapariga, a falta de educação sexual adequada, associada à pressão familiar para assumir responsabilidades familiares e outros factores culturais que estão na origem de casamentos prematuros, forçados e gravidezes precoces podem tambem ser facilmente resolvidos com a ajuda de novas tecnologias.
Por exemplo, a falta de escolas mais proximas da comunidade, a falta de infraestruturas de água potável e saneamento escolares que tem a finalidade de melhorar as condições e higiene e saneamento nas escolas podem ser facilmente resolvidas, a baixo custo, no menor tempo possível (apenas horas ou dias para edificação, incluíndo portas e janelas) com a aplicação da tecnologia de impressão em 3D na construção civil e reduzir a corrupção na construção de obras tão críticas para o desenvolvimento de Moçambique, como é o caso de escolas, hospitais, tanques de água, etc.
No sector de águas em Moçambique, se colocarmos sensores nas redes de distribuição de água para um gerenciamento efetivo, os “inovadores tecnológicos” podem criam os programas de inteligência artificial que contém os planos sobre o que fazer com a informação que será gerada pelos sensors de baixo custo – para se alançar os objectivos da entidade de abastecimento de água – aumentar a eficácia no controle e na redução das perdas de água.
Veja a solução por mim proposta para digitalizar o sector de águas em Moçambique e contribuir para a redução da probreza de água (na segunda parte do video. A primeira parte retrata o problema)
Estou envolvido a três anos contribuindo para o desenvolvimento de tecnologias novas e inteligentes para resolver grandes problemas e ajudar a melhorar vidas. Com foco na educação, especificamente no desenho e desenvolvimento de uma plataforma educacional inteligente que vai permitir viabilizar a aprendizagem centrada no aluno.
Essa plataforma vai permitir aos alunos terem acesso a “video-aulas” de curta duração (3 a 7 min cada), tarefa On-line apresentando exercícios e outras formas de interacção, tudo alinhado com o currículo nacional em vigor, constituíndo um ambiente virtual de aprendizagem, cooperação, colaboração – o que poderá permitir a inversão da sala de aula.
Os alunos não vão depender do professor que dita apontamentos e dá exercíos como a única fonte do conhecimento – mas sim, vão ter acesso a uma plataforma que vai os permitir assumir uma maior responsabilidade pela sua aprendizagem – na busca dos saberes e ao mesmo tempo vão se familiarizar e dominar as ferramentas que são usadas no mundo de trabalho atualmente – onde as TICs e a rápida digitalização de vários sectores – exige maior qualidade na formação dos profissionais para o futuro (imaginação, criatividade, alto desempenho e domínio de tecnologias).
Até o presente, já examinei os principais objectivos da Agenda 2030 para o contexto Moçambicano, que são: erradicação da pobreza extrema (ODS 1) e da fome (ODS 2), promover a agricultura sustentável, além de acesso universal a saúde (ODS 3), educação (ODS 4) e igualdade de gênero, além de garantir a todos o acesso à água potável e saneamento (ODS 6) e à serviços modernos de energia (ODS 7), o crescimento econômico, trabalho decente (ODS 8), a industrialização, infraestrutura sustentável (ODS 9), e a redução da desigualdade, todos desafios importantes para muitos dos países mais pobres do mundo como é o caso de Moçambique, e posso afirmar, categoricamente, que são facilmente alcançáveis com a ajuda de tecnologias novas e inteligentes, mas temos o desafio de melhorar a qualidade do ensino e aprendizagem e da conscientização de todos os intervenientes (sociedade civil, dirigentes, gestores, líderes comunitários, líderes religiosos, médicos tradicionais, médicos convencionais) sobre as tecnologias que podem acelerar o caminho para o desenvolvimento sustentável.
- Palavras de Frederico Mayor, ex-presidente da UNESCO, na Conferência Mundial sobre o Ensino Superior em 1998:
“a educação é a chave do desenvolvimento sustentável, autossuficiente – uma educação fornecida a todos os membros da sociedade, segundo sociedades novas e com ajuda de tecnologias novas, de tal maneira que cada um se beneficie de chances reais de se instruir, ao longo da vida… Devemos estar preparados, em todos os países, para remodelar o ensino, de forma a promover atitudes e comportamentos que sejam portadores de uma cultura da sustentabilidade.”
Uma ideia que seria útil explorar e desenvolver no contexto Moçambicano é a Universidade de adultos sem a escolaridade regular que iria permitir a formação de adultos pouco escolarizados em meio rural por via da educação informal, aprendizagem e formação experiencial neste desafio de conscientização sobre as tecnologias que podem acelerar o caminho para o desenvolvimento sustentável e a necessária massificação e inclusão digital. Tudo está prestes a ser digitalizado, incluíndo agricultura familiar. 80% da população em Moçambique depende da agricultura como a principal fonte de rendimento e maior parte destes não tem escolaridade ou são semi-letrados, não puderam concluir os estudos, pois muito cedo a vida os chamou para o trabalho, mas tem experiência de vida e saberes locais – que podem favorecer ou dificultar a adoção de novas tecnologias no contexto local.
«As pessoas aprendem 10% do que lêem, 20% do que ouvem, 30% do que vêem, 50% do que simultaneamente vêem e ouvem, 70% do que dizem e 90% do que dizem e fazem.”
(Tony Pont, 2003)
Autor: Abel Viageiro, empreendedor exponencial
Segundo Steven Kotler, um empreendedor exponencial é alguém que utiliza e se baseia em tecnologia de aceleração exponencial para desenvolver um negócio startup. Estes empreendedores usam tecnologias como as de sensores de rede da internet das coisas (IoT), inteligência artificial (AI), robótica, biologia sintética e impressões 3D para gerar curvas de crescimento exponencial em seus negócios Startups. Além disso, eles usam ferramentas psicológicas exponenciais, ou seja, maneiras de pensar em escala, estados de fluxo e outras coisas que permitem aos empreendedores ampliarem seu jogo mental. Tais empreendedores também usam o poder exponencial das multidões, com crowdsourcing, crowdfunding e construção de comunidades, que permitem o acesso ao capital e a experiência para que realmente aumentem o crescimento mais do que nunca. Somadas estas três abordagens exponenciais fazem toda a diferença.