Existe um corta-mato para acabar com a crise de água em Maputo, Matola e Vila de Boane?

A resposta:

Sim, existe um corta-mato. E a empresa Águas da Região de Maputo, SA (AdeM) pode seguir este caminho e chegar lá bem cedo – melhor gerir a situação da crise de água potável e transformar a situação em oportunidade para optar pela eficiência e inovação na gestão operacional da rede de abastecimento de água na região de Maputo.

O abastecimento de água é um monopólio natural e não é economicamente viável duplicar uma rede. Como consequência, é difícil existir concorrência. Portanto, às decisões de adotar ou não uma inovação que pode “melhorar a qualidade do serviço de abastecimento de água mesmo em tempo de crise” na região de Maputo, depende dos Gestores da AdeM.

A cota de água nas albufeiras dos Pequenos Libombos e de Corumana, na província do Maputo, baixou para níveis considerados críticos devido à seca.

O cenário deve-se à descida do nível de armazenamento da Barragem dos Pequenos Libombos de 80 por cento, há quatro anos, para os actuais 19 por cento. A albufeira tem a capacidade de 400 milhões de metros cúbicos, mas nos dias que correm ela tem apenas 75 milhões de metros cúbicos de água.

Acredita-se que atualmente há um défice da produção de água em relação as demandas, cuja solução requer grandes investimentos em:
▪ Recurso à novas fontes localizadas distantes dos locais a abastecer;
▪ Construir obras de represamento de água (barragens);
▪ Construir infraestruturas para captação, tratamento e transporte da água até ao consumidor, com a qualidade e quantidade requeridas.
Na atual crise financeira em que Moçambique se encontra,  a maior preocupação ou desafio é a falta de recursos financeiros para executar os investimentos;
Vamos investir em grandes obras antes de pensar na gestão das perdas de água, na redução de desperdício, redução do consumo, planificação da conservação de água usando novas tecnologias,  incentivos economicos e legalização das ligações clandestinas?

Há, sim, necessidade de se melhorar a eficiência e inovação na gestão operacional da rede de abastecimento de água na região de Maputo, privilegiando a detecção de fugas de água, minimização das perdas de água e implementação da planificação  da conservação de água, com incentivos, envolvendo os consumidores.  

A colaboração da maioria da população é um dos fatores cruciais para a estabilidade do abastecimento.

Incentivos são necessários para a mudança de hábito do consumidor. Não basta simplesmente recomendar ao consumidor que não “desperdice a água”,  emitir comunicados sobre o assunto e pedir a colaboração de todos os utilizadores para que usem água de forma racional – É preciso dotar o consumidor de instrumentos de facilitação de pagamentos de facturas de água, principalmente, para clientes de baixa renda, com rendimentos irregulares ou erráticos.

Uma das melhores formas seria tirar proveito das novas tecnologias para permitir a  facturação por períodos de consumo variáveis e curtos e respectivo pagamentos por meios electrónicos, particularmente, celular e adotar inovações para a  leitura automatizada de contadores analógicos e a introdução de novos contadores electrónicos, conectados e respectivas plataformas que permitam que o consumidor monitore seu consumo de água, a qualquer momento,  para saber quanta água está a gastar e o que está pagando.

Por exemplo, há relatos de situações de consumidores sem água mas com facturas elevadas, o que pode ser devido ao funcionamento dos sistema de abastecimento de água da AdeM em regime de abastecimento intermitente.

Os sistemas devem ser concebidos sempre que possível para abastecimento em regime contínuo. No entanto, deve ser prevista a possibilidade de funcionamento em regime de abastecimento intermitente. Mas sabe-se que, tecnicamente, as principais implicações  do abastecimento intermitente são o mau funcionamento dos contadores e o desgaste acelerado, podem ocorrer leituras excessivas nos contadores dos clientes (devido ao ar) – portanto, estarão a pagar pelo ar e não a água, sempre que há um restabelecimento da água apos a interrupção (por isso estas situações tendem a aumentar em períodos de crise ou racionamento da água), baixas pressões de abastecimento, particularmente em zonas altas, deterioração da qualidade da água.

O abastecimento intermitente aumenta a insatisfação / reclamações dos clientes, aumenta o desperdício da água em torneiras deixadas abertas, sempre que o restabelecimento do abastecimento, aumenta o transbordamento de tanques de armazenamento nos clientes, acarreta custos elevados  para os clientes manterem estoque de água em casa (tanques, bombas, etc.), aumenta a rotura das condutas e dos ramais das ligações domiciliarias, aumentando as fugas e consequentente, as perdas de água.

Portanto, dá para notar, o desafio que a AdeM, tem de adotar inovações a sério, que permitam o funcionamento do abastecimento em regime contínuo, com um monitoramento inteligente da rede.

Esta situação do actual funcionamento, as vezes criam  condições que fazem com que os clientes (principalmente os de baixa renda) não consigam cumprir com os pagamentos nos prazos estabelecidos de faturas altas de água não consumida ou resultantes de fugas do lado do cliente, ou mesmo porque a falta de alternativas de pagamentos por períodos variáveis e curtos, mais alinhados com a forma como a maioria dos clientes de baixa renda obtêm seus rendimentos (a facturação é por período de 30 dias necessitando pagamentos de uma única vez e os consumidores de baixa renda tem dificuldade de juntar o dinheiro para pagar de uma única vez o valor da factura na totalidade ) isso muitas vezes implica o corte no fornecimento de água, e porque o abastecimento de água é uma necessidade inadiável para as famílias, e alguns clientes sabem que a AdeM actualmente não tem a tecnologia para monitorar a rede para detectar pertubações, alguns clientes optam por vandalizar a rede e efetuar ligações clandestinas, aumentando ainda mais os problemas do sistema de abastecimento intermitente ineficiente.

Anualmente é detectado perto de 2000 clientes clandestinos em Maputo e Matola, cujo consumo não é registado nos contadores.

A ausência de informações, por exemplo, de quanta água o cliente está a gastar, que pode ser gerada por dispositivos de leitura automatizada de contadores ou dispositivos de medição indirecta do fluxo de água por técnicas da inteligencia artificial, conectados, de baixo custo,  e respectivos pagamentos, por períodos variáveis e curtos, mais apropriados para a população de baixa renda (que constitui a maioria dos clientes -aprox.  80%, o que corresponde a 50% do volume total consumido)   é hoje uma das grandes responsáveis pelo desperdício de água, insatisfação de muitos clientes, pagamentos fora do prazo e cortes que poderiam ser evitados, e que levam ao aumento da vandalizações da rede.

Sem conhecimento sobre o próprio consumo, muitas pessoas não possuem referências que possam ajudá-las a entender seus hábitos. Por isso, e urgente adotar inovações que tornem isso possível, para o melhor enfrentamento da crise de água na região de Maputo.

Vejamos algumas situações: Atividades e consumo de água

>> Escovar os dentes:
Torneira aberta continuamente: 18 litros de água
Abrindo e fechando a torneira: 2 litros de água

>> Lavar louça:
Torneira aberta continuamente: 240 litros de água
Abrindo e fechando a torneira: 70 litros de água

>> Tomar banho:
Banho de 20 minutos: 120 litros de água
Banho de 5 minutos: 30 litros de água

>> Descarga:
Gasto de 7 a 10 litros

>> Torneira mal fechada:
Apenas gotejando: 46 litros de água por dia
Fluindo em forma de filete: 180 a 750 litros por dia

Através de tecnologias para medição individualizada, leitura automatizada de contadores, contadores conectados,  a AdeM poderia oferecer aos consumidores informações precisas e atualizadas.

Sem informações precisas e atualizadas sobre o consumo, as pessoas desperdiçam água, surpreendidas com uma fatura de água mais elevada do que é habitual, ficam sem saber se é devido a fugas no lado do cliente ou ao consumo excessivo.

É necessário criar um incentivo econômico para que a população colabore, diminuindo o consumo de água potável e melhorar o regime de funcionamento e garantir que as faturas emitidas contemplem a leitura real dos consumos.

Com inovações tecnológicas, estes desafios podem ser ultrapassados.

 A necessidade é a mãe da invenção.

Já se tem a certeza da crise. Com a aproximação do fim da época chuvosa 2017/2018, e a previsão de que a Região Sul de Moçambique vai continuar com escassez de chuvas, a região de Maputo entra, mais uma vez, em estado de atenção devido à falta de chuvas.

Com isso, o fantasma da escassez de água volta a rondar o governo de Moçambique, que vai tentar agilizar projetos para evitar um possível desabastecimento nas grandes cidades de Maputo, Matola e a Vila de Boane.

É importante lembrar ao leitor que numa situação similar de crise de água, no ano passado, o Governo precisava de 2.8 biliões de meticais para abrir 70 furos e construir 68 quilómetros de condutasaté agora, ainda temos no Grande Maputo a crise de água sem fim à vista.

Como parte dos esforços para encontrar a solução para o problema, um dos planos para encontrar fontes alternativas de água para a capital moçambicana não se materializou pois “os furos realizados nas barreiras da Malanga, Desportivo e jardim Tunduru, tiveram resultados negativos devido a produtividade baixa e a qualidade de água”.

Em vários países, os períodos de seca já não representam tanto risco. Eles são enfrentados com tecnologia e planos ambiciosos de gestão da água, alguns implementados há décadas. Sem essas ações, Israel, encravado em um deserto, ou a Cingapura, uma ilha que importa água de outros locais, não sobreviveriam.

Portanto, o corta-mato para melhor gerir a situação da crise de água potável na região de Maputo está na inovação tecnológica e eu não apenas acredito, como também trabalho nisso – o desenvolvimento de soluções baseadas nas novas tecnologias enriquecidas com a inteligencia artificial para o sector de águas, para ajudar o meu pais a acabar com a pobreza de água e melhorar vidas. Será possível usar novas tecnologias para enfrentar a crise da melhor forma possível e mudar para sempre a eficiência do sistema de abastecimento e a satisfação dos clientes.

Por que usar inteligência artificial industrial para melhor gerir a situação da crise de água potável na região de Maputo?

Porque os últimos  avanços tecnológicos permitem que as máquinas “aprendam” em vez de serem programadas para realizar uma tarefa, conseguem ver coisas, entender e cheirar, e atualmente existem materiais de nova geração com aplicação no tratamento da água a um custo muito reduzido e os avanços da tecnologia de impressão 3D com aplicação na construção civil (incluindo Cisternas, Reservatórios e Tanques de grande dimensão para o armazenamento da água) e na reparação  e Reabilitação de tubagens nas redes de saneamento, abastecimento de águas por métodos não destrutivos. O segredo é tirar proveito destes, para tornar o que não era viável antes, possível!

Com os avanços tecnológicos mais recentes, já não é necessário fazer escavações para encontrar as melhores soluções na recuperação de tubagens. As tecnologias exponenciais (internet das coisas, inteligência artificial, robótica, sensores de baixo custo, materiais de nova geração, impressão 3D e 4D) oferecem métodos não invasivos na reabilitação de tubagens, evitando equipamentos de escavação ou aberturas de valas pelos métodos convencionais.

Construir sua presença na adoção de “tecnologia digital e na internet das coisas” é um imperativo para entidades proprietárias ou gestoras de sistemas de abastecimento de água que enfrentam grandes desafios na prestação do serviço público de abastecimento de água e/ou de saneamento, nomeadamente, (i) redução e controlo de Perdas nos Sistema de Abastecimento e na gestão integrada de sistemas de saneamento de águas residuais, atendendo às modernas metodologias para controlo do
desempenho de infra-estruturas.

A adopção da “tecnologia digital e da internet das coisas” pela Águas da Região de Maputo dará  um novo nível de “salto tecnológico” massivo e transformador no uso da tecnologia industrial, indo além dos atuais sistemas conectados “contadores pré-pagos de água” que simplesmente reúnem dados, para uma Gestão Avançada moderna do Sistema de Abastecimento de Águas da Região de Maputo com soluções enriquecidas com a inteligencia artificial industrial (sistema inteligente para monitoramento e Controle da Rede de Abastecimento de Água). Com modificações tecnológicas a rede, seria possível passar do funcionamento intermitente para um regime contínuo, mesmo em tempo de crise, garantir uma melhor qualidade do serviço, um monitoramento inteligente permanente, satisfação e colaboração dos clientes na poupança da água com incentivos e penalizações – e reduzir a demanda excessiva motivada pelas incertezas e irregularidades no abastecimento. 

Com uma boa tecnologia de monitoramento inteligente (desde que associada às boas práticas de gestão), será possível alcançar  a diminuição das perdas de água, dos atuais  níveis de perdas  muito altos ( quase metade de toda água potável produzida e bombeada na região de Maputo, não chega aos clientes) para  níveis muito reduzidos, aumentando a disponibilidade de água para os consumidores, garantir um sistema de abastecimento mais eficiente e permitir uma maior conservação da água, numa altura em que a água é um recurso cada vez mais escasso na região de Maputo.

Em Maputo, Matola e Boane as fugas de água que lesam em 2.7 milhões de meticais a AdEM não so representam uma quantidade significativa de água potável que não chega aos clientes, mas também acarreta custos elevados com os produtos químicos usados para tratar a água perdida, a energia eléctrica para bombear a água que não chega aos clientes (perde-se nas fugas), e os custos com as reparação de roturas em tubagem, reposição da tubagem vandalizada, entre outros custos.

Anualmente, a AdeM investe perto de 26 milhões de meticais em ações de reparação e expansão das infra-estruturas de fornecimento de água.

De salientar que os principais problemas que tipicamente se podem encontrar nas redes de abastecimento de água incluem-se: a degradação das tubagens e acessórios, ocasionais problemas de qualidade da água, perdas de água (em condutas, ramais, reservatórios e noutros componentes), roturas (espontâneas ou provocadas por terceiros). Todos estes problemas podem ser reduzidos com a adoção de inovações tecnologias (novas tecnologias para modernização da Gestão dos Sistemas).

Veja a solução que propus ao sector de águas Moçambicano.

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *